terça-feira, 18 de setembro de 2018

CARTA DENÚNCIA À SOCIEDADE CIVIL - REFORMA DO ENSINO MÉDIO


CARTA DENÚNCIA À SOCIEDADE CIVIL: O RETROCESSO EDUCACIONAL FOMENTADO PELA REFORMA DO ENSINO MÉDIO

É sabido pela maioria das brasileiras e dos brasileiros que o nosso país passa por transformações no currículo em toda a educação e também na Educação Básica. Desde o ano passado, foi aprovada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que versa sobre as duas primeiras etapas da Educação Básica: Educação Infantil e Ensino Fundamental, através da resolução CNE/CP Nº 2, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2017.
Este ano, o governo tenta aprovar a BNCC correspondente a terceira etapa da escolarização, que servirá de instrumento para implementar um “Novo” Ensino Médio, e que irá impactar sensivelmente na formação dos jovens em idade escolar, e também na Educação de Jovens e Adultos (EJA). A reforma do Ensino Médio, ancorada na lei 13.415/2017, em sua essência, constitui uma afronta aos direitos e garantias constitucionais, à educação pública, gratuita e de qualidade social, numa perspectiva holística, impedindo que o estudante egresso atue criticamente nos diversos segmentos da sociedade.
Nesse sentido, nós, que fazemos o Fórum Municipal de Educação de Caruaru (FME), denunciamos à sociedade civil as atrocidades que resultarão da implantação da BNCC e da Reforma do Ensino Médio, e nos posicionamos pela sua REJEIÇÃO e REVOGAÇÃO imediata, por avaliarmos que foi construída sem um processo de participação real, ignorando os profissionais da Educação, as famílias e os estudantes, além de ter se  pautado pelo obscurantismo, o documento curricular do governo atual servirá, no final, apenas para submeter as trabalhadoras e os trabalhadores em Educação a processos de controle e para impedir que nossos jovens pobres cheguem à Educação Superior,  justificando como principais pontos:

1. A Reforma do Ensino Médio tornará obrigatória apenas às disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática, criando um fosso quanto às competências esperadas para as demais áreas do conhecimento.
2. Na EJA, mesmo as disciplinas obrigatórias, estas serão ministradas à distância (Educação à distância - EaD).
3. A parte flexível do currículo será transferida para a iniciativa privada, também através da EaD.
4. A mudança provocará uma avalanche de demissões de professores, substituindo a interação face a face pela relação estudante-software, destituindo da educação formal seu caráter subjetivo, reflexivo e crítico.
5. A reforma do Ensino Médio determina que haja cinco itinerários de formação, dos quais apenas um obrigatório. Caso o estudante queira cursar outro itinerário, terá que buscar nova escola.
6. A reforma do Ensino Médio abre a possibilidade de contratar pessoas por “Notório Saber” para lecionar nas escolas públicas. Ou seja, não será mais necessária a formação pedagógica para exercer o magistério.
7. A fragmentação dos conteúdos e a falta de sistematização das competências a serem desenvolvidas pela parte flexível do currículo comprometerão ainda mais o acesso dos estudantes egressos das escolas públicas à universidade.

Ainda nessa perspectiva, para nós, a BNCC e a Reforma do Ensino Médio se mostram em discordância com o que é apregoado pela LDB 9394/96, em seu artigo 35, quando esta compreende o Ensino Médio como um espaço de aprofundamento dos conhecimentos vivenciados durante o ensino fundamental, preparando o indivíduo para o mundo do trabalho, para prosseguir seus estudos em nível superior, mas principalmente para desenvolver sua autonomia intelectual e de pensamento crítico.
  
Caruaru, 18 de setembro de 2018.
 FÓRUM MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE CARUARU

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